sexta-feira, 23 de maio de 2008

maquina de foder....


Fazia tanto calor naquela noite no Tony’s que ninguém pensava em foder. Só em beber cerveja gelada. Tony empurrou duas por cima do balcão para mim e índio Mike, que já estava pronto com o dinheiro na mão. Deixei que pagasse a primeira rodada. Tony, com cara de tédio, tilintou a campainha da registradora e olhou em redor – outros 5 ou 6 caras de olhar vidrado no copo. Abestalhados. Por isso Tony se aproximou de nós.
- quais são as novas, Tony? – perguntei.
- ah, uma merda – respondeu.
- isso não é nenhuma novidade.
- uma merda – repetiu Tony.
- ah, enta ta, uma merda – disse índio Mike.
Bebemos a cerveja
- o que você acha da lua? – perguntei a Tony.
- uma merda.
- é – comentou índio Mike - , quem já esta fodido na terra também vai se foder na lua. Não faz diferença.
- dizem que em marte é quase certo que não tem vida – continuei.
- e daí? – retrucou Tony.
- ah, que merda – expliquei. – dá mais duas.
Tony deslizou de lá as garrafas, depois veio buscar o dinheiro. Tilintou a campainha da registradora. E voltou para nosso canto.
- puta merda, mas ta quente, hein? Prefiro a morte a ter que agüentar este calor.
- para onde a gente vai quando morre, Tony?
- ah, merda. Não to nem aí.
- não acredita no espírito humano?
- pura lorota, uma merda!
Bebemos a cerveja, ruminando no assunto.
- olha – anunciei – vou dar uma mijada.
Fui ao mictorio e lá, como sempre, encontrei Petey coruja. Tirei para fora e comecei a mijar.
- pô, que picinha pequena – comentou.
- quando estou mijando ou pensando, pode ser, mas ela estica muito, sabia? Na hora de meter, cada centímetro aumenta para seis.
- ainda bem, mas espero que não seja mentira, porque daqui dá para ver no máximo cinco.
- é que só estou mostrando a cabeça.
- te dou um dollar para chupar teu pau.
- acho pouco.
- você não ta mostrando só a cabeça. Ta esticando tudo que tem.
- vai te foder, Petey.
- eu sei que vai voltar aqui quando a grana da cerveja acabar.
Saí e me meti de novo no meu canto.
- mais duas – pedi.
Tony repetiu o ritual. Depois se chegou.
- ta tão quente que acho que vou ficar louco – disse.
- o calor sempre revela o que a gente realmente é – repliquei.
- peraí! Ta me chamando de doido?
- e quem não é? Só que a maioria dá um jeito de disfarçar.
- ta legal. Vamos supor que você tenha razão nessa merda. Há quantos caras na terra que ainda regulem bem da cabeça? Existe algum?
- uma porção.
- quantos?
- entre bilhões?
- é, é.
- bem eu diria que uns 5 ou 6.
- 5 ou 6? – retrucou índio Mike – ah, vai tomar no cu.
- escuta aqui – disse Tony – como é que você sabe que eu sou doido? Como é que não aparece ninguém para me levar pro hospício?
- ué, uma vez que todo mundo é maluco, restam muito poucos pra ficar controlando a gente. Por isso é que nos deixam soltos por ai. Sozinhos, com nossa maluquice. De momento é a única coisa que podem fazer. Houve uma época em que pensei que fossem capazes de descobrir um lugar para viver lá em cima no espaço enquanto destruíam a gente. Mas agora sei que também controlam o universo.
- como você sabe?
- porque botaram uma bandeira americana na lua.
- se fossem os russos que tivessem botado a deles?
- não vejo a menor diferença. – respondi.
- então é imparcial? – perguntou Tony.
- sou imparcial com todos graus de loucura.
Todo mundo se calou. Continuaram bebendo. Tony começou a se servir de whisky com água. Ele podia, o bar era dele.
- puta merda, mas que calor! – exclamou.
- é uma merda mesmo. – concordou índio Mike.
De repente Tony desandou a falar.
- por falar em maluquice – começou – ta acontecendo uma coisa pra la de doida agora mesmo, sabiam?!
- lógico – apoiei.
- não, não, não...quero dizer aqui mesmo, no bar!
- é??
- é, sim. E tão doida que da para assustar.
- conta logo de uma vez, Tony. – pedi, sempre pronto para ouvir mentiras alheias.
Tony se curvou ainda mais para nós.
- conheço um cara que tem uma maquina de foder. Não é nada desses papos furados de revista de mulher pelada. Que nem estes anúncios que se vê por ai. Bolsas de água quente com bucetas descartáveis feitas de carne em conserva, essa bobajada toda. Esse tal cara bolou um troço do rabo. Um cientista alemão, que o pessoal descobriu, quer dizer o pessoal aí do governo seqüestrou antes que os russos agarrassem o cara, agora, bico calado, hein?
- claro Tony, claro..
- Von Brashlitz. O pessoal aí do governo fez o que pode para que ele se interessasse por problemas espaciais. Não houve jeito. O velhote era um gênio, mas só tinha essa MAQUINA DE FODER na cabeça. Ao mesmo tempo se acha uma espécie de artista, as vezes cisma em dizer que é miquelangelo... deram para ele uma aposentadoria de 500 dollares mensais apenas para ter aonde cair vivo e não ser internado num hospício.
Ficaram algum tempo de olho nele, depois cansaram ou então esqueceram, mas não parou de receber a pensão e volta e meia mandavam alguém para conversar dez ou vinte minutos com ele por mês, preparar um atestado provando que ele continuava maluco e depois ir embora. Assim andou por ai, de cidade em cidade, sempre carregando aquele baita baú vermelho nas costas. Finalmente, uma noite, me entra aqui no bar e começa a beber. Fala que não passa de um velho cansado à procura de um canto tranqüilo para se dedicar de fato as suas pesquisas. E eu nem dando trela. Vocês sabem que o doido é o que não falta por aqui.
- lá isso é – concordei.
- então o cara foi ficando cada vez mais bêbado e terminou se abrindo comigo. Tinha inventado uma boneca mecânica capaz de dar uma foda com um homem como nenhuma mulher de verdade conseguiu dar ate hoje! E com a vantagem de dispensar camisinhas, e ainda não tem que suportar um montão de frescuras e bate bocas!
- ando atrás de uma mulher destas – afirmei – desde que nasci.
Tony soltou uma risada.
- e quem não anda? Pensei que fosse louco, claro, ate que uma noite fechei o bar e fui com ele a pensão onde morava e ele tirou a MAQUINA DE FODER de dentro do baú vermelho.
- e...
- foi o mesmo que ir pro céu sem ter que morrer.
- deixa eu adivinhar o resto – pedi.
-adivinha.
- Von Brashlitz e a tal MAQUINA DE FODER estão lá em cima, aqui no bar, neste instante.
- positivo – disse Tony.
- quanto custa?
- vinte pratas por cabeça.
- vinte pratas pra foder uma maquina?
- ele superou qualquer Criador. Você vai ver.
- o Petey coruja me chupa e ainda me paga um dollar.
- o Petey coruja ate é legal, com a invenção que bota Deus no chinelo.
Entreguei meus vinte dollares.
- mas, palavra, Tony, se for alguma maluquice de piada de com bolsas de águas quente, você perde o melhor freguês deste bar!
- foi você mesmo quem disse : de um jeito ou de outro a gente não passa de um bando de doidos, resolve.
- eu topo. – decidi.
- e eu também. – disse índio Mike – toma aí meus vinte.
- tem que compreender que só guardo a metade. O resto fica pro Von Brashlitz. Com a inflação e os impostos 500 pratas de aposentadoria não é muita coisa e o Von B. bebe pra caralho.
- vamos nessa – propus - , você já ganhou 40 pratas.
Tony abriu uma divisória do bar.
- passem por aqui. Subam a escada dos fundos. Basta chegar lá em cima, bater e dizer “tony nos mandou aqui”.
- em qualquer porta?
- de numero 69.
- evidente, porra, tinha que ser.
- evidente, porra – repetiu tony – e boas fodas.
Achamos a escada e subimos.
- o Tony é capaz de qualquer negocio pra fazer piada – comentei.
Atravessamos o corredor. Lá estava: numero 69.
Bati na porta:
- O Tony nos mandou aqui.
- ah, cavalheiros, entrem, por favor.
Vimo-nos diante de uma aborto da natureza, um velhote com cara de tarado, copo de birita na mão, óculos com lentes fundo de garrafa, que nem nos antigos filmes de terror. Pelo jeito estava recebendo a visita de uma coisinha jovem, quase jovem demais, de aspecto frágil e ao mesmo tempo forte.
Ela cruzou as pernas, exibindo bem o material: joelhos e coxas de nylon e precisamente aquele naco de carne. Era só xota e tetas, pernas de nylon, olhos risonhos de azul transparente.
- cavalheiros...minha filha, Tânia...
- como é que é?
- ah sim, eu sei, sou tão...velho...mas que nem o mito do negro de pau grande, existe também o mito dos velhos alemães assanhados que nunca param de foder. A gente acredita no que bem entende. Seja como for, esta aqui é minha filha, Tânia...
- oi, pessoal - saltou, sorrindo.
Aí todo mundo olhou para o deposito onde se lia: DEPOSITO DA MAQUINA DE FODER.
O velho terminou a birita.
- quer dizer então...que vieram dar a melhor FODA de suas vidas, ya?
- papai! – ralhou Tânia - , quando é que vai deixar de ser grosso?
E cruzou outra vez as pernas, ainda mais alto, e eu quase cheguei ao orgasmo.
Aí o professor acabou com a nova dose de birita, depois se levantou e foi ate a porta onde se lia DEPOSITO DA MAQUINA DE FODER virou-se para nós, todo sorridente, e começou a abrir a porta bem devagar. Entrou e saiu empurrando uma coisa que mais parecia um leito de hospital ambulante.
Não tinha NADA em cima da cama, era uma simples carcaça de metal.
O profe veio empurrando esse troféu e parou diante de nós . aí começou a cantarolar uma musica horrenda, que só podia ser alemã.
A carcaça metálica, com um buraco no meio, e o profe tinha uma latinha de óleo na mão. Enfiou no buraco e se pôs a esguichar ali dentro uma quantidade bem grande, enquanto cantarolava aquela maluquíssima canção alemã.
Sem interromper o que fazia, olhou por cima do ombro e disse: “chocante, ya?” e depois continuou com aquilo, apertando a latinha.
Índio Mike me olhou, forçou uma risada e cochichou:
- puta merda, fomos tapeados de novo!
- é – concordei – parece que faz uns cinco anos que não dou uma trepada, mas só se for louco que é que vou meter meu pau nesse monte de chumbo duro.
Von Brashlitz deu uma risada. dirigiu-se ao balcão de bebidas, encontrou outro litro de birita, despejou um bocado no copo e sentou-se a nossa frente.
- quando lá na Alemanha a gente começou a sentir que a guerra estava perdida e o cerco começou a apertar – ate a batalha final em Berlim – logo se viu que os rumos tinham mudado – a verdadeira guerra então foi ver quem ficava com o maior numero de cientistas alemães. Se ia ser a Rússia ou se seria a América – esses eram os que iriam chegar primeiro na lua, em marte, em tudo quanto é parte. Bem, no fim não sei realmente no que é que deu... numericamente ou em termos de supremacia intelectual cientifica. Só sei que os americanos conseguiram me localizar antes, me seqüestraram, levaram num carro, me deram bebida, encostaram pistolas na minha cabeça, prometeram mundos e fundos, falaram feito doidos. Assinei tudo...
- ta legal – atalhei – a aula de historia esta ótima, mas mesmo assim não sinto a mínima vontade de meter minha pica, a minha pobre picinha, neste traste de metal laminado ou coisa que o valha!! Pena que os russos não te enfuneraram primeiro! Quero minhas 20 pratas de volta!
Von Brashlitz quase se finou de tanto rir:
- hihihihihi... não viu que era só uma piadinha, né? Hihihihihihihi!!!
Guardou novamente aquele amontoado de chumbo no armário. Bateu a porta com um estrondo.
- oh hihihihihihi!
E entornou nova dose de birita.
Von B. serviu-se de outra garrafa. Não resta duvida que bebia feito gente grande.
Cavalheiros, eu sou um artista, um inventor!a minha MAQUINA DE FODER é, na verdade, minha filha Tânia...
- outra piadinha, Von? – interpelei.
- piadinha um catso! Tânia! Vai lá e senta no colo do moço!
Tânia riu, se levantou, veio na nossa direção e sentou no meu colo. MAQUINA DE FODER? Não dava para acreditar! A pele dela era pele, ou ao menos parecia, e a língua, que língua, que me espetou no fundo da minha boca quando nos beijamos, nada tinha de mecânica – cada movimento era diferente, reagindo aos meus.
Entrei logo em ação, rasgando-lhe a blusa para apalpar os seios, baixando as calcinhas com uma tesão como há anos não sentia e então nos atracamos; não sei como, estávamos em pé – e peguei-a assim mesmo, puxando as mechas daquela longa cabeleira loura, inclinando-lhe a cabeça para trás. Depois, esticando o braço e enfiando-lhe o dedo no cu, continuei a meter ate levá-la ate o orgasmo – dava para sentir as palpitações; e também gozei.
Foi a melhor fode de toda minha vida!
Tânia entrou no banheiro, se limpou, tomou banho e se vestiu novamente. Para índio Mike, pensei.
A maior invenção da humanidade – afirmou Von Brashlitz, bem serio.
Tinha toda razão.
Aí então Tânia voltou e sentou no MEU colo.
- NÃO! NÃO! AGORA É A VEZ DO OUTRO! VOCÊ ACABOU DE FODER COM ESSE AÍ!
Ela pareceu não ouvir. Achei ate estranho, inclusive para MAQUINA DE FODER, porque, de fato, nunca fui bom de cama.
- gosta de mim? – perguntou.
- gosto.
- também gosto de você. Estou tão contente. Eu...nao sou de verdade. Já sabia, né?
- eu te amo, Tânia. É a única coisa que sei.
- puta que pariu! – berrou o velho – mas esta MAQUINA DE FODER!
Dirigiu-se a uma caixa envernizada, com o nome TÂNIA impresso de um lado. Uma porção de fiozinhos saiam dela. Havia também mostradores, varinhas que tremiam de um lado para outro, uma profusão de cores, luzes a piscar, apagando e acendendo, uma serie de tique-taques... Von B. era o cafetão mais doido que já tinha visto na vida. Não parava de mexer nos mostradores. Depois olhou para Tânia:
- 25 anos! Porra, quase uma vida inteira para montar você! Tive ate que esconder do HITLER! E agora... está querendo virar simplesmente uma puta vulgar!
- não são 25 anos – protestou Tânia – eu tenho 24.
- viu? Ta vendo? Igualzinho uma puta da zona!
Virou-se para os mostradores.
- você trocou a cor do batom – comentei.
- gosta?
- se gosto!
Se curvou e me deu um beijo.
Von B. continuava as voltas com os mostradores. Comecei a desconfiar que ele ia sair vitorioso.
- deve ser algum fio retorcido na maquina – explicou ao índio Mike – confie em mim. Já vou consertar, ya?
- tomara – retrucou índio Mike – estou aqui esperando com 35 centímetros e 20 pratas a menos no bolso.
- eu amo você – disse Tânia para mim – não vou foder com nenhum outro homem. Se não puder ficar com você, prefiro ficar sem ninguém.
- eu te perdôo, Tânia. Desde já, por tudo que você fizer.
O profe estava ficando de saco cheio. Não parava de girar os mostradores, sem o menor resultado.
- TÂNIA! Ta na hora de foder com o OUTRO! Já estou...ficando exausto...tenho que tomar um trago...dormir um pouco...Tânia...
- ah – retrucou ela – velho nojento fodido! Você e seus tragos, e depois me mordendo as tetas a noite toda, sem deixar eu dormir! Enquanto você não fica nem de pau duro direito! Seu asqueroso!
- WAS???!!!
- EU DISSE QUE VOCÊ NÃO FICA NEM DE PAU DURO DIREITO!
- você me paga, Tânia. Não inverte os papeis, fui eu que te criei!
Não parava mais de mexer com a varinha mágica. Da maquina, bem entendido. Estava bastante irritado e dava para perceber, de certo modo, que a raiva contribuía para aumentar uma vitalidade, que no fundo, não possuía.
- espera um pouco, Mike. Só tenho que ajustar a parte eletrônica! É coisa rápida! Um curto! Olha ela aí!
E se levantou de um salto. Dizer que esse cara tinha sido salvo dos russos...
Virou para índio Mike.
- agora deu! A maquina ta funcionando! Aproveita!
Foi ate a garrafa de birita, se serviu de outra dose cavalar e sentou, pronto para assistir a cena.
Tânia pulou do meu colo e se dirigiu para índio Mike. Fiquei vendo os dois se abraçarem.
Ela abriu a braguilha, tirou o pau dele para fora e... era um pau que não acabava mais, cara! Ele tinha falado 35 centímetros, mas pareciam 50. aí Tânia segurou o colosso com ambas as mãos.
Mike gemeu, deslumbrado.
Foi então que ela puxou com toda força e arrancou o pau inteirinho do corpo dele. E jogou no chão.
Vi aquele troço rolar por cima do tapete feito salsichão desvairado, deixando melancólicos rastros de pingos de sangue, e terminar batendo contra a parede. E ali ficou, imóvel, como algo que possuía cabeça, mas destituído de pernas e sem ter onde se meter...o que era pura verdade.
A seguir, chegou a vez dos BAGOS virem voando pelo ar afora. Uma visão roliça, pesada. Foram se espatifar simplesmente no meio do tapete e, à falta de saber o que fazer, resolveram sangrar.
E foi o que fizeram.
Von Brashlitz, herói da invasão américo-sovietica, contemplou estarrecido o que restava do índio Mike, meu velho parceiros de rodadas de cerveja, aquela vermelhidão toda no chão, a jorrar sangue pelo meio das pernas – e sumiu feito raio escada abaixo...
O quarto 69 já tinha visto de tudo, menos aquilo.
Então perguntei:
- Tânia, não demora a justa ta aqui; vamos aproveitar a sugestão do numero do quarto para celebrar nosso amor?
- mas evidente, querido!
Já estávamos no finzinho quando a burra da policia tinha que entrar correndo.
Aí um dos cobras do ramo declarou que o índio Mike estava mortinho da silva.
E como Von B. era uma espécie de cria do governo dos estados unidos da américa, começou a surgir uma porrada de gente de tudo quanto era canto – varias autoridades fichinhas – bombeiros, jornalistas, o inventor, a C.I.A., o F.B.I. e diversas outras modalidades de excremento humano.
Tânia foi-se chegando e sentou no meu colo.
- eles agora vão me matar. Procura não ficar triste, sim?
Não disse nada. Aí Von Brashlitz começou a gritar, apontando para tânia.
- ESTOU LHES DIZENDO, SENHORES! ELA NÃO TEM SENSIBILIDADE NENHUMA! SALVEI ESSA DESGRACADA DAS GARRAS DO HITLER! Estou lhes dizendo, não passa de uma MAQUINA!
Todo mundo simplesmente parou. Ninguém acreditou no Von B.
A tal maquina, ou mulher se quiserem, era sem sombra de duvidas. A coisa mais bela que tinham visto na vida.
- ah, merda! Seus idiotas! Toda mulher não passa de uma maquina de foder, então vocês não sabem? Se entregam para quem paga melhor!NAO EXISTE ESSA HISTORIA DE AMOR! É CONTO DA CAROCHINHA, QUE NEM NATAL!
Continuaram não acreditando.
- ISTO AÍ, é apenas uma maquina! Não precisam ter MEDO! VEJAM SÓ!
Von Brashlitz pegou um dos braços de Tânia.
Arrancou completamente do tronco.
E por dentro – pelo buraco aberto no ombro – podia-se enxergar – não havia mais que arames e tubos – coisas retorcidas e esticadas – alem de uma substancia quase imperceptível, vagamente parecida com sangue.
Vi Tânia ali parada, com aquele emaranhado de arames pendendo do ombro, onde antes se articulava o braço. Ela me olhou.
Faz favor, é por mim também! Bem que pedi pra você procurar não se entristecer demais. Fiquei servindo de platéia enquanto todos se aglomeravam em torno dela para esquartejar, currar e retalhar o cadáver.
O que é que eu podia fazer? Abaixei a cabeça entre as pernas e me pus a chorar.
Alem do mais, o índio Mike nem conseguiu tirar proveito das tais 20 pratas que tinha pago.
Passaram-se meses. Nunca mais apareci no bar. Houve um julgamento, mas o governo absolveu Von B. e a maquina dele. Mudei para outra cidade. Bem longe. E um dia, sentado na barbearia, peguei uma revista de mulher pelada. E vi um anuncio : “basta soprar para ganhar sua própria boneca inflável exclusiva! Preço: 29.95$. feita de borracha da melhor qualidade, muito resistente. Acompanha um conjunto de correntes e chicotes. E ainda biquíni, sutiã, calcinhas, 2 perucas, batom e um pequeno pote de lubrificante erótico, incluídos no preço. Empresa Von Brashlitz.”
Mandei uma ordem de pagamento para o endereço indicado. Um numero de caixa postal em massachussets. O profe também tinha se mudado.
A encomenda demorou cerca de 3 semanas para ser entregue. Era de deixar a gente sem jeito, eu não tinha bomba de encher pneus e, depois , fiquei de pau duro quando tirei do pacote aquele troféu. Foi preciso ir ao posto de gasolina mais perto e usar a mangueira de ar que havia lá.
A medida que inflava, ia ficando mais apresentável. Grandes mamicas. Bunda enorme.
- o que é isso que você esta enchendo aí, companheiro? – perguntou o homem do posto.
- escuta aqui, cara, só estou tirando um pouco de ar. Eu compro gasolina aqui à beça, não?
- tudo bem, tudo bem, pode tirar à vontade. Só que, pô, bem que eu gostaria saber o que você tem aí...
- ah, vê se me esquece, ta? Retruquei.
- PUTA MERDA! Olha só que TETAS!
- eu ESTOU olhando, seu cara de cu!
Deixei o sujeito ali boquiaberto, depois joguei a boneca por cima do ombro e voltei para onde eu morava. Levei para a sala.
o grande problema estava por vir. Abri-lhe as pernas e procurei algum tipo de orifício.
Von B. não ia ser tão descuidado.
Fui por cima e comecei a beijar aquela boca de borracha. De vez em quando pegava e chupava uma das gigantescas mamicas elásticas. Botei uma peruca amarela na cabeça da boneca e passei o tal lubrificante erótico em todo o pau. Não gastei muito. Vai ver o pote era para durar o ano inteiro.
Beijei apaixonadamente atrás das orelhas, enfiei-lhe o dedo no rabo, sem parar de meter. Depois saí de cima, acorrentei-lhe os braços nas costas, usando o cadeado e a chave que tinham vindo junto e então peguei as tiras de couro e chicoteei-lhe as nádegas com vontade.
Meu deus, devo estar ficando louco! Pensei.
Aí virei o troféu de frente e meti outra vez. Trepei ate dizer chega. Para falar com franqueza, foi bastante chato. Tive que pensar em dois cachorros fodendo gatas; imaginei 2 pessoas engalicadas no ar enquanto saltavam do terraço do arranha céu do empire state. Procurei me lembrar de uma xota do tamanho de um polvo se arrastando em minha direção, bem molhada, fedorenta e louca para atingir o orgasmo. Pensei em tudo quanto era cacinha, joelho, pernas, tetas, bucetas, que tinha visto na vida. A borracha já estava suando; e eu também.
Te amo, querida! – murmurei num dos ouvidos de borracha.
Tenho vergonha de confessar, mas me forcei a foder naquele repugnante pedaço de borracha. Não havia termo de comparação com tânia.
Peguei uma lâmina gilete e reduzi a boneca a frangalhos. E atirei no lixo, no meio de garrafas de cerveja.
Quantos homens americanos compram estas coisas idiotas?
Ou então a gente capaz de passar por meia centenas de maquinas de foder numa caminhada de 10 minutos por qualquer calçada do centro de uma cidade americana – a única diferença consistindo em fingirem que são humanas.
Pobre do índio Mike. Com aquele pau morto de 50 centímetros.
Pobre de tudo quanto é índio Mike. E de todos os astronautas da terra. E de todas as putas do vietnan e de washington.
Pobre Tânia, com aquele ventre que era uma barriga de leitoa. Veias tinham saído de um cão. Decerto nem cagava ou mijava, só fodia. – coração, voz e língua tirados de corpos alheios – na época existiam apenas 17 transplantes possíveis de órgãos. Von B. andava muito adiantado dos outros.
Pobre Tânia, que comia tão pouco – quase só queijo barato com passas, não sentia vontade de ter dinheiro, imóveis, carros novos e grandes ou mansões suntuosas. Nunca lia o jornal da tarde, não se interessava por televisão a cores, chapéus novos, botas de chuva, conversas na cerca dos fundos com vizinhas beócias; nem por marido que fosse medico, corretor de valores, congressista ou policia.
E o sujeito do posto de gasolina, não cansava de perguntar:
- ei, que fim levou aquele troço que um dia você trouxe aqui e encheu com a mangueira de ar?
Só que agora não faz mais perguntas, mudei de posto de gasolina. Nem sequer corto mais o cabelo na barbearia onde li a revista com o anuncio da boneca de borracha de Von Brashlitz. Estou tentando esquecer.
Quem não faria o mesmo?




escrito por charles bukowski 1920 + 1994. retirado do livro - cronicas de um amor louco.( parte 1 de ereções, ejaculações e exibicionismos). editora LP&M.