sábado, 26 de abril de 2008

uma abelha.


Suponho que como qualquer garoto
Tive um melhor amigo na vizinhança.
O nome dele era Eugene e era maior
Do que eu e um ano mais velho.
Eugene costumava me encher de porrada.
Estávamos sempre brigando.
Eu tentava vencê-lo mas sempre sem muito
Sucesso.

Uma vez pulamos juntos de cima do telhado da garagem
Para provar que éramos valentes.
Torci meu tornozelo e ele saiu ileso
Como manteiga recém-tirada do papel.

Acho que a única coisa boa que ele fez por mim
Foi quando uma abelha me picou no pé descalço
E assim que me sentei para tirar o ferrão
Ele disse,
“vou pegar a filha da puta!”

E foi o que ele fez
Com uma raquete de tênis
Mais um martelo de borracha.

Estava tudo bem
Dizem que de qualquer modo
Elas morrem.

Meu pé inchou e dobrou de tamanho
E eu fiquei de cama
Rezando para morrer

E Eugene seguiu em frente e se tornou um
Almirante ou comandante
De alguma coisa de vulto na marinha dos estados unidos
E conseguiu passar por uma ou duas guerras
Sem se ferir.

Imagino-o envelhecido agora
Numa cadeira de balanço
Com seus dentes postiços
Bebendo seu leitinho...

Enquanto eu bêbado
Masturbo esta tiete de 19 anos
Que divide a cama comigo.

Mas o pior é que
(assim como naquele salto do telhado da garagem)
Eugene segue vencendo
Porque ele nem sequer esta pensando
Em mim.

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