sexta-feira, 31 de agosto de 2007

vida e morte de Jonas


Jonas acordou, saiu de seus pijamas, acendeu um cigarro. Acordou mais cansado do que quando foi dormir, ontem a noite.O sol estava a pleno vapor, já passava do meio dia, mas estava frio. Uns 10 graus, era inverno afinal de contas. Junto com o cigarro tomou uma xícara de café preto, Jonas odiava leite. Sentiu vontade de sair de casa, pegou o jornal e olhou a programação do cinema. Nada de bom para variar, acabou indo ver uma comedia, comedia romântica. A mocinha se apaixona por dois caras, namorado mau caráter e o namorado bonzinho, tomara que acabe em menage pensou Jonas. Não, ela ficou com o bonzinho, cena de casamento no fim. A mulher de Jonas deixou ele fazem duas semanas. Jonas voltou para seu apartamento vazio, acendeu mais cigarros, acompanhados por cerveja desta vez. Ligou o stereo, botou musicas para dor de corno. Cd coletânea do Cake, back to back.
Começou uma vontade deprimente de olhar para fora da janela, ficou ali, olhando os outros prédios, imaginando o que aquelas pessoas faziam para chegar ao fim do dia, jantar, ver o jornal , depois a novela e ir dormir. E fazer no dia seguinte tudo de novo. Que força incrível aquelas pessoas tinham de continuar este jogo patético e imbecil, pensou Jonas. Sua mulher o deixou por um instrutor de ginástica, há duas semanas. Lembrou de uma fala de um filme que tinha uma situação parecida que dizia “ você é um sonhador e ela quer o agora, por isso o instrutor de ginástica”. Não conseguiu rir. Mas o filme é bom. Qualquer hora vou rever este filme, pensou Jonas. Ficou ali olhando para fora da janela, já chegava o fim da tarde, o por do sol era bonito aqui, muito amarelo e muito roxo, Jonas gosta de roxo. Mas nada preenchia o vazio deixado pela mulher dele. A perspectiva dele era acordar de novo sozinho, tentar ter forças para ir buscar o jornal do dia seguinte. Isso era tudo. Na verdade não parecia grande coisa para ele. Que força incrível tinha aquelas pessoas que iam para o trabalho, viviam e de noite sonhavam. Nem isso ele conseguia, nunca lembrava os sonhos que tinha a noite, talvez fossem de lugares maravilhosos, lugares que ele gostaria de conhecer. O cd gritando uma musica da Gloria Gaynor regravada pelo Cake, isso o deprimiu ainda mais. Foi deitar, já não tinha muito motivo para ficar acordado.
No dia seguinte acordou, acendeu seu cigarro com o café preto, olhou para fora da janela, já não pareciam tão fortes as pessoas que viviam como robôs, trabalho, casa, tv, e cama. Ocasionalmente sexo. Buscou refugio num cd que não ouvia a muito tempo, LA Woman dos Doors, que grande disco e uma vez leu numa revista que era um cd de merda. Qualquer idiota diz qualquer coisa mesmo. Ouviu de cabo a rabo, botou outro. Outro dos Doors, desta vez Morrison Hotel, não era tão bom assim, mas tinha seus momentos. Será que a musica “the spy” era referencia ao romance de anäis nin, já não importava, não leria este livro. Já era meio dia fez o almoço, arroz, feijão e um bife, não era bom cozinheiro, mas estava aceitável. Comeu, sentou no sofá, e dormiu. Desta vez sonhou, sonhou com um lugar melhor, um lugar incrível, cheio de vida e perfeito para ir viver. Quando acordou ligou o gás do forno e se matou. Jonas nunca mais reviu o filme.

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